Patience, de Daniel Clowes: “Sou apenas um primata sedento de sangue?”

Daniel Clowes trabalhou em Patience por aproximadamente cinco anos. É o seu primeiro encadernado 100% novo, que nunca foi serializado em outro lugar antes de ser publicado em capa dura. Também é o seu trabalho mais novo. Ele pode não gostar do termo [eu também não; seja uma boa pessoa e não goste dele também], mas dá para dizer que essa é a sua primeira graphic novel original. 

The Mocker, de Steve Ditko: Quadrinho underground objetivista

Steve Ditko é um cara com admiradores ilustres. Em In Searchof Steve Ditko, o documentário televisivo que Jonathan Ross produziu para a DC, temos uma coleção deles: o próprio Ross, Mark Millar, Joe Quesada, Neil Gaimane Alan Moore [que, aliás, usou os personagens criados por Ditko para a Charlton para escrever Watchmen]. Some Frank Miller, outro fã, à dupla final e perceba: os três quadrinistas mais importantes dos quadrinhos dos anos 80 recomendam o trabalho de um cara que… sumiu do mapa precisamente naquela década.

As Tartarugas Ninja de Kevin Eastman e Peter Laird: “Nós tartarugas não somos cães sem honra”

Outubro de 2009. O Nickelodeon compra os direitos das Tartarugas Ninja do estúdio Mirage, [formado pelos criadores dos personagens, Peter Laird e Kevin Eastman. Fevereiro de 2012. Michael Bay, o cara que é odiado por nove de cada 10 pessoas que se levam a sério demais, é anunciado como produtor do filme. Março de 2012. Bay anuncia que as tartarugas do filme não serão mutantes [como em teenage mutant ninja turtles], mas alienígenas e que o filme será chamado de Ninja Turtles [o que dá a entender que elas também não serão teenage]. A Internerd explode.

Black Nylon, de Daniel Clowes: Freud explica

Quando alguém fala em desconstrucionismo de super-heróis, o nome bacana que inventaram para os gibis dos anos 80/90, as referências automáticas do nerd médio são Watchmen e Cavaleiro das Trevas. É fácil perceber o por quê: best-sellers, autores consagrados, etc, etc, etc. Mas o objetivo de Alan Moore e Frank Miller nunca foi meramente destrutivo: a abordagem realista das duas histórias envolve mostrar as costuras dos uniformes, certo — mas é para desmistificá-los, não necessariamente desmoralizá-los. Não é o caso de Daniel Clowes. Não é o caso de Black Nylon. 

Habibi, de Craig Thompson: Escatologia e ironia

Existe uma constante no resenhismo de Habibi, o gibi-tijolo de Craig Thompson: as comparações com Will Eisner. O segundo gibi de Thompson depois de Retalhos [entre os dois está Carnet de Voyage, ainda não publicado no Brasil], Habibi, com a sua escala épica, com o seu período indeterminado e com as suas referências religiosas certamente é mais pretensioso do que qualquer coisa que Eisner já fez [outra coisa é que seja tão bem sucedido], mas é fácil ver de onde vem a comparação.