5 por Infinito, de Esteban Maroto: sonhos, fantasia e arte de vanguarda em quadrinhos
Existe uma ponte que vai de Klimt a Jack Kirby. Ela é um gibi.
Existe uma ponte que vai de Klimt a Jack Kirby. Ela é um gibi.
Steve Ditko, o co-criador do Homem-Aranha, deixou de desenhar a série do personagem na edição #38. Isso foi no início de 1966: um dia ele chegou na redação da Marvel, deixou as páginas originais do gibi com a secretária de Stan Lee e pediu que ela lhe avisasse que aquilo seria tudo. Ele nem desenhou a capa de sua última edição, que foi montada no bullpen a partir de quadrinhos do interior do gibi.
O Homem de Ferro não é o trabalho mais marcante de Gene Colan na Marvel da Era de Prata — Daredevil e Tomb of Dracula, discutivelmente o Dr. Estranho, estão na frente. O que diz muito sobre Gene Colan: em dois anos, entre Tales of Suspense #73 [janeiro de 1966] e Iron Man #1 [maio de 1968], o artista se tornou um dos principais desenhistas do personagem — a armadura do período, amarela, vermelha e cheia de círculos [aí do lado, na capa do gibi], por exemplo, é A Armadura Clássica do Homem de Ferro. E como ele fez tudo isso? A resposta curta é SENDO MUITO MESTRE. A longa: com uma proposta estética que dava para uma versão turbinada da espetacularidade que você espera de uma aventura de super-heróis uma CASCA realista.
Existe um antes e depois de Steve Ditko na história do Homem-Aranha. O paradoxo só é aparente: ainda que Ditko seja o primeiro desenhista regular do personagem, ele o encontrou assim para devolvê-lo assim.As diferenças entre as duas imagens superam a PISTOLA DE TEIAS: ao contrário da primeira versão, de Jack Kirby [pelo que se diz, uma versão genérica de The Fly, personagem que o rei co-criou com Joe Simon], o Homem-Aranha de Ditko parece um adolescente escorregadio e ameaçador, não um ícone sólido e inspirador.