Frank Miller bege: The Dark Knight Returns: The Last Crusade, de Frank Miller, Brian Azzarello, John Romita Jr e Peter Steigerwald

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The Dark Knight Returns: The Last Crusade Deluxe Edition
Frank Miller, Brian Azzarello, John Romita Jr. e Peter Steigerwald.
[DC Comics, 2016]
Desdobrar a resenha de uma hq em análises separadas do argumento, do roteiro e do desenho deve ser algum tipo de falácia: no final das contas, o que se está fazendo é deixar a própria hq, que é a união desses elementos, em um segundo plano.
No caso de The Last Crusade, no entanto, isso parece inevitável. Assim que foi anunciado que as novas histórias ambientadas no universo do Cavaleiro das Trevas seria produzidas em equipe [com Brian Azzarello e John Romita Jr., no caso de The Last Crusade, e Andy Kubert, no caso de Dark Knight III], a pergunta que ecoou pela nerdosfera foi sobre qual seria a participação de Frank Miller no processo — além de fornecer o nome e pegar o cheque.
É fácil entender o porquê. Muito embora duas de suas melhores hqs tenham sido feitas em parceria [A Queda de Murdock e Batman: Ano Um], disso faz uns trinta anos. A parceria, ainda, com um dos melhores desenhistas de quadrinhos disponível: David Mazzucchelli. Nas suas outras hqs, Miller trabalhou sozinho, ou em parceria apenas na colorização e na arte-final — mesmo assim exercendo considerável controle sobre as duas coisas: taí a treta que ele teve com Klaus Janson por conta da arte-final de O Cavaleiro das Trevas que não me deixa mentir. Ele nunca trabalhou em parceria com outro roteirista.

Foi assim que ele se tornou o principal auteur dos quadrinhos americanos ainda em atividade: fazendo exatamente aquilo que ele mesmo pensou em fazer. Pense na confusão mental dos monólogos de Marv em um temporal de tinta branca sob a escuridão da página preta: aquela história foi pensada para ser contada daquele jeito; aquele jeito foi pensado para contar essa história.

Por isso é pertinente começar a olhar The Last Crusade por aquele ângulo: parece pertinente saber até que ponto ele corresponde à vontade de um cara idiossincrático como Miller, o motivo pelo qual você se interessou pelo gibi no final das contas.


Existem algumas informações objetivas sobre quem fez o quê no gibi. A edição Deluxe reproduz páginas originais, desenhadas a lápis, ao lado da mesma página arte-finalizada e colorida, o que deixa bem claro que elas foram desenhadas a lápis por Romita Jr. e, depois, finalizadas digitalmente por Peter Steigerwald. Também reproduz, sem nenhuma introdução, um argumento de aproximadamente cinco páginas. Nesta entrevista, Romita Jr. diz que recebeu “cinco páginas digitadas de trama e tirei 56 páginas disso”.
As lacunas podem ser preenchidas pela leitura do gibi. The Last Crusade conta três histórias paralelas. A principal é sobre a relação entre o Batman e o Robin/Jason Todd. A que ocupa mais roteiro [por corresponder à maior parte das ações que ocorrem na história] tem por vilã a Hera Venenosa em parceria com o Crocodilo: ela está dando um golpe nos principais bilionários da cidade. A terceira história funciona como um pano de fundo: é protagonizada pelo Coringa, que começa o gibi sendo preso no Asilo Arkham, e fala de sua fuga.
Tudo indica que essa trama básica seja de Miller: ela está cheia de suas impressões digitais.

A história da relação entre o Batman e o Robin trata da progressiva violência desse último: Todd se torna cada vez mais impulsivo e sanguinário, enquanto que Batman se dá conta de que ele não é a pessoa certa para substituí-lo.

Existem pelo menos dois motivos pelos quais se pode perceber que essa é uma ideia de Miller. Primeiro: a relação entre os dois personagens é um tema frequente nas suas histórias do Batman. Em All Star Batman & Robin, the Boy Wonder, Robin/Dick Grayson redime o Batman mais pirado e paranoico que Miller já escreveu. Em O Cavaleiro das Trevas, a Robin/Carrie Kelley resgata o Batman do cinismo. O Robin/Todd ocupa a posição intermediária nessa cronologia: encontra um Batman soft [cansado, procurando motivos para se aposentar] e entrega o Batman quebrado do início de O Cavaleiro das Trevas.
Outro escritor poderia pensar em uma história para ocupar esse vazio cronológico [sendo que essa solução já estava sugerida no próprio O Cavaleiro das Trevas]. Mas a forma pela qual ele foi preenchido em The Last Crusade também apresenta um tema típico dos gibis de Miller: a força do herói individual, em contraponto com a histeria da massa — representada pela mídia e pela patrulha moralista.

Já no início de The Last Crusade nós temos uma interseção televisiva do tipo que Miller popularizou em O Cavaleiro das Trevas. Nela, o Batman é apresentado como uma ameaça por colocar uma criança [Robin] em risco ao tê-lo de parceiro no combate ao crime.

Páginas depois, no entanto, descobrimos que Batman apenas é capaz de mantê-lo sob controle: o risco não está em obrigar Todd a se expor à violência, mas na eventual crescente incapacidade do Batman em controlá-lo. O clímax da história deixa isso claro: Todd desobedece o Batman para caçar o Coringa sozinho [o que, como quem leu O Cavaleiro das Trevas sabe, vai levar à sua morte], enquanto que o Batman se entretém com a ideia de se tornar um “guerreiro filósofo”:
Hah.

As outras duas histórias também tem as impressões digitais de Miller. Os vilões são maus-maus. Ainda que de jeitos diferentes, eles são quase maldade pura.

A Hera Venenosa e o Crocodilo são quase um Yin-Yang do lado escuro da natureza — é mais Yin-Yin, mas vocês entenderam o que eu quero dizer. A Hera Venenosa é tratada como o lado negativo do fascínio exuberante que a natureza produz. Ela enlouquece os milionários de Gotham puramente com base nesse fascínio: como a própria diz, “eu sou inalcançável e eles vão fazer de tudo para me pegar”. O Crocodilo é o lado da natureza que tem mandíbulas, e que os apaixonados pelo seu lado Hera Venenosa encontram no fim.
NA NATUREZA SELVAGEM.

De forma parecida com o que acontecia em O Cavaleiro das Trevas, o Coringa é praticamente o diabo do Millerverso. Em The Last Crusade, ele aparece em sua versão manipuladora [poderia se argumentar, em tese, que no Cavaleiro das Trevas ele aparece em sua versão acusadora: passa o gibi lembrando ao Batman de seus erros]: é curioso que, ao escrever o seu argumento em cinco páginas, Miller tenha usado 12 Macacos, Estranho no Ninho e O Expresso da Meia-noite como referências cinematográficas para as cenas do Coringa no hospício, uma vez que ele lembra muito mais Hanibal Lecter, um dos diabos manipuladores mais famosos do cinema. O exemplo mais claro disso é como ele influencia os demais psicopatas do Asilo Arkham apenas com as suas palavras, mais ou menos como Lecter convence o seu vizinho de cela a se suicidar apenas na base da conversa:

A execução dessas ideias, no entanto, não tem nada de Miller, mesmo quando se usa dos recursos narrativos de O Cavaleiro das Trevas. Na verdade, quando isso acontece, apenas fica mais claro que Miller não teve nada a ver com a execução: existe um abismo entre os recursos narrativos usados em O Cavaleiro das Trevas e a forma pela qual eles foram reproduzidos em The Last Crusade.
Essa afirmação pode ser mais polêmica em relação ao texto [diálogos e textos de apoio]. Mas é que os textos escritos por Miller são facilmente reconhecíveis — quando eu era um jovem guri nerd, foi Miller que me fez perceber que alguma coisa se perdia na tradução.

Miller, é claro, é conhecido como uma fábrica de frases de efeito:

Mas limitá-lo a isso isso é diminuir o seu mérito. Ele costuma encher as suas histórias de monólogos — que não dão preguiça pra ninguém. Ao contrário: costuma ser elogiado por eles. Isso é controle de ritmo e facilidade na construção de imagens. Pense em tudo que você aprendeu sobre a personalidade do Batman acompanhando o seu processo de pensamento em O Cavaleiro das Trevas: pelo menos metade te foi dito pela construção frasal e pela escolha de palavras [a agressividade, a pragmaticidade], e não pelo seu conteúdo.
Nada isso está em The Last Crusade. O texto do gibi é completamente inócuo, direto e monocórdico. Em alguns momentos, os diálogos são extraídos literalmente do texto descritivo das cinco páginas de argumento do Miller: sugiro que, na próxima vez, ele acrescente um “mas de um jeito interessante, né?” cada vez que disser que um determinado personagem deve falar alguma coisa. Só me resta, portanto, jogá-lo no colo de Azzarello — me recuso a acreditar que essa seja a ideia de Miller para piada do Coringa:
Mas o abismo é literalmente mais visível no caso do desenho. Romita Jr. tenta, aqui e ali, reproduzir algumas das características mais marcantes de O Cavaleiro das Trevas. Talvez ele faça isso até a contragosto: alguns deles estão indicados na proposta de Miller. No entanto, ele mal consegue copiar a aparência externa dos recursos narrativos do original.
Primeiro exemplo. Uma das características da narrativa visual de Miller, e de O Cavaleiro das Trevas, é o uso que ele faz dos establishing shots. São aqueles quadrinhos, normalmente maiores que o normal, que apresentam um plano panorâmico do lugar em que vai acontecer uma ação da história. Normalmente, uma cena começa com um establishing shot que mostra o cenário e os elementos que serão usados nessa cena, situando o leitor fisicamente nela, de forma a deixá-la mais clara.
Miller, em primeiro lugar, não segue necessariamente essa lógica: ele está mais preocupado em transmitir informações sobre o clima da história do que sobre os elementos concretos de determinada cena.
Em segundo lugar, ele usa outros recursos para situar o leitor, como as intersecções televisivas. Elas permitem que Miller mantenha a clareza narrativa, informando o leitor, de forma direta e criativa, do contexto no qual transcorre a ação. Fazem isso, no entanto, sem que Miller precise trocar o tamanho do quadrinho ou o plano: você sabe que está lendo uma intersecção televisiva não porque houve um establishing shot do estúdio, mas pelo formato arredondado dos cantos do quadrinho, pela ausência de balões de fala [o som não vem da boca dos apresentadores, mas da caixa de som da televisão, que está “na margem” do quadrinho], do ângulo objetivo da câmera, do formato de programa de tv da ação retratada, etc. Ou seja: elas não exigem um establishing shot próprio e substituem outro, que apresentaria o contexto que te está sendo informado diretamente.
Miller não faz isso por esporte. É uma forma de controlar o ritmo da história: permite que ele troque de cena dentro de uma página mantendo uma grade de quadrinhos regular [e até mesmo uma sequência de quadrinhos em plano fechado/detalhe]. Em uma tacada só ele te faz segurar a respiração e cria um climão:
PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ
*RESPIRA* *CACETE, PREDADOR 2 PODERIA ROLAR EM GOTHAM*
PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ
Ou seja, a graça é não precisar fazer isso:
Isso, no caso, é uma intersecção televisiva iniciada com um establishing shot que situa o leitor fisicamente na cena. Para piorar, o balão de fala sai da boca do repórter. Romita Jr. não entendeu o recurso e nem sequer reproduziu a sua  aparência externa muito bem.
Segundo exemplo. Você deve ter percebido o esforço de Miller em manter uma grade regular com muitos quadrinhos. Dentro dessa grade existem outros recursos em operação. Um dos mais conhecidos é a repetição de um mesmo quadrinho, com pequenas alterações no seu conteúdo. Uma das páginas mais famosas de O Cavaleiro das Trevas usa esse recurso:

Com isso, Miller, sem mudar a grade e deixar de empurrar o leitor pra frente, aumenta o impacto dramático de uma ação: ele está fazendo você presenciar pelo menos duas vezes cada detalhe da morte dos pais de Bruce Wayne. A alternativa que ele teria para fazer você se dar mais atenção para essa parte específica da narrativa seria um splash-page. Isso, no entanto, diminuiria o ritmo da leitura [você passa mais tempo em “um quadrinho”, no caso, o splash-page] e seria muito mais sem graça [precisamente por ser o recurso mais habitual].

Outra característica desse grade de página com muitos quadrinhos é a quantidade de informação transmitida. Como no caso dos establishing shots, essa informação não é necessariamente factual. O melhor exemplo é, de novo, a primeira página.
Cada linha de quadrinhos funciona como uma micro-história. Essa é a primeira:
São poucas ações: Wayne arrancou os controles do painel de um carro. Talvez tenham transcorrido segundos. Mas, desde o ponto de vista da construção do personagem, aconteceu um mundo: agora o leitor sabe que Wayne não confia na tecnologia e quer estar no controle, mesmo que isso signifique que o mundo vai explodir — é quase um resumo da história do gibi. Miller precisou de um quarto de página para construir um personagem.
The Last Crusade não tem nenhuma página com 16 quadrinhos, mas tem duas com 12 [distribuídos em 4 filas de 3]. Nenhuma das duas usa qualquer um desses recursos, ou qualquer outro que faça delas algo interessante. A segunda delas, como no caso das interseções televisivas, tenta reproduzi-los — a palavra-chave é “tenta”:
O plano é muito fechado, a mudança na cabeça do Coringa é pouco sutil e o momento é emocionalmente inexpressivo: não se trata, portanto, do uso do primeiro recurso acima descrito. Por outro lado, não há qualquer avanço na caracterização do personagem ou micro-história em cada linha. Então também não se trata do segundo recurso. A impressão que se tem é que o Coringa está movimentando a cabeça de forma frenética [pela proximidade do plano]; na página seguinte ele é caracterizado pela sua calma controlada no meio do caos do Arkham.
A outra página com 12 quadrinhos é a primeira. Nem consigo entender o que Romita Jr. queria fazer nela, além de seguir a vaga instrução de Miller no argumento. Essa é a instrução que ele recebeu: “vamos começar com uma página em preto. Vai ter diálogo, do Coringa, mas vamos começar com a página em preto. Nós estamos no Arkham, no final das contas. Talvez tudo que nós enxerguemos entre os painéis [se começarmos com preto, use uma grade de 9 ou 16 quadrinhos] são as luzes vindo de entre a [porta] escura, alternando entre vermelho e azul… luzes de ambulância”. Isto é o que ele desenhou:

Mas o pior dela não é o desenho [no final das contas, é uma página quase totalmente preta], mas a onomatopéia genérica [de novo, uma diferença importante: Miller costuma desenhar excelentes onomatopéias] e a colorização — o que nos leva a Steigerwald.
Steigerwald [mais conhecido por ser colaborador habitual do falecido Michael Turner, de Fathom] é um bom exemplo desse estilo de colorização que se tornou habitual na DC nos últimos anos: cores digitais usadas da forma pouco imaginativa. O acréscimo à narrativa é quase zero.
Esse não é, evidentemente, o caso de O Cavaleiro das Trevas. Perceba como a colorização, sozinha, nos diz que Selina Kyle é uma ex-prostituta/atual cafetina:
O argumento de Miller também descreve Kyle como uma cafetina em The Last Crusade [“De tarde, Bruce está na cama com o amor de sua vida, SELINA KYLE. Isso acontece no seu apartamento/serviço de acompanhante”]. O que, nessa página, te dá essa informação?
Resposta: nada. Mas a colorização sugere
bem o entardecer.

Ainda tem a arte-final. Steigerwald deixou parte do desenho a lápis, sem arte-finalizar…

…no que, desconfio, seja uma tentativa de simular de outra forma  uma característica do traço de Miller em O Cavaleiro das Trevas: a tosquice. Se você olhar de perto, abstraindo a colorização de Lynn Varley, vai perceber que o traço do Miller é bem tosco. A diferença é que a tosquice do Miller transmite pressa [são poucas linhas, cara de rabisco, sem muito apego à anatomia, proporção e tudo mais], o que a arte-final acompanhou. É o contrário do trabalhado lápis de Romita Jr.:

“Espere um minuto”, você deve estar dizendo. “Até agora, o que tu mais fez foi comparar The Last Crusade com O Cavaleiro das Trevas. Isso é injusto. The Last Crusade pode ser uma prequela para O Cavaleiro das Trevas, oferecida como um retorno à origem, em oposição ao O Cavaleiro das Trevas II. Mas, como tu mesmo disse no início da resenha, ele é outro gibi e deve ser analisado como outro gibi, não apenas em comparação com O Cavaleiro das Trevas. Não é necessariamente ruim que o Romitinha tenha caprichado no desenho: essa não é exatamente a falácia que tu comentou na abertura da resenha?”.

Bom: você tem razão. É injusto, mesmo que The Last Crusade seja um convite a essa comparação, e o agir de Romita Jr. e Steigerwald é até compreensível: é possível que eles tenham se sentido obrigados a emular um estilo que não é o seu por se tratar de uma prequela.
Mas o meu argumento não é esse. O ponto é que existem motivos pelos quais O Cavaleiro das Trevas usou os recursos narrativos que usou, e foi desenhado do jeito que foi.
Miller queria fazer da leitura do gibi um impulso febril promovido por uma necessidade inconsciente, como a do próprio Bruce Wayne ao retomar o manto do morcego, sugerindo que a própria concepção do gibi foi assim. Ao mesmo tempo, queria que a sofisticação da linguagem e da colorização, a agressividade de sua mensagem e a feiura do traço fizessem com que o gibi parecesse arte moderna em quadrinhos. Entre outras coisas, queria que O Cavaleiro das Trevas fosse uma forma de validação do próprio meio: “Ei, lembram daqueles panfletos desenhados em uma linha de produção por meia dúzia de peões mal pagos? É arte”.
É uma ideia que exige coerência: a linguagem usada foi calculada com base na mensagem a ser transmitida [ou o contrário]. E é isso o que falta em The Last Crusade: coerência entre a ideia e a execução.

Os efeitos deletérios disso são perceptíveis: as ideias são diluídas, e até mesmo apresentadas de forma contrária à proposta — para pior. Um exemplo é a intersecção televisiva do do “This is child endangerment”.

Talvez você estivesse distraído da primeira vez.

Em O Cavaleiro das Trevas I e II, Miller deixa claro que os apresentadores de televisão não devem ser levados a sério: aquilo é uma gente pitoresca, superficial e vaidosa. Os debates são só barulho e vaidade.

Essa mensagem não foi totalmente perdida em The Last Crusade. Romita Jr. tenta transmiti-la através do contraste: os apresentadores estão debatendo o risco ao qual o Robin está exposto enquanto ele enforca o Coringa; algumas páginas depois, ele usa o mesmo recurso: um apresentador de TV se pergunta se não é a hora do Batman se aposentar; a notícia seguinte é que o Coringa escapou do Arkham]. Mas a aparência ponderada dos apresentadores não transmite, nem de longe, o mesmo deboche contra a imprensa. É perfeitamente possível que o leitor leve essa gente a sério — exatamente o contrário do efeito pretendido.

No caso específico de The Last Crusade, portanto, a moderação da execução altera o seu conteúdo: faz com que ela pareça algo ponderado. Faz que pareça que tentaram publicar um gibi do Miller, mas não muito. Faz com que a mensagem seja “você aqueles peões mal pagos que desenham uns panfletos em uma linha de produção? Não deixa eles incomodarem muito”. [RESENHAS[QUADRINHOS]

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