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Exatas duas semanas, a editora
Panini anunciou a publicação de uma edição encadernada de Grandes Astros: Superman, de Grant Morrison e Frank Quitely, a
principal hq do personagem dos últimos... vinte anos?
Parece um MOMENTO OPORTUNO para recuperar esse artigo do próprio Morrison, no Hero Complex, comentando exatamente a origem da história toda -- é
algo como uma ENCONTROS EM TERCEIRO GRAU PELA VIA NERDISTA, como você deveria
esperar. O ponto de partida é a San Diego Comics Con de 1999, onde Morrison e
Dan Raspler, então seu editor, encontraram os seguintes sujeitos na rua:
Um era um cara barbudo normal, que a primeira vista como qualquer um
dentre centenas de fãs de quadrinhos...
![]() |
...todos nós estamos pensando na mesma coisa... |
...Mas o outro era o Super-Homem. Ele estava vestido em um traje
vermelho, azul e amarelo perfeitamente costurado; o seu cabelo estava penteado
para trás com uma mecha encrespada; e, ao contrário dos super-homens magrelos
ou barrigudos que normalmente desfilam pelas convenções, ele era o Super-Homem
mais convincente que eu já vi, parecendo uma mistura entre Christopher Reeve e
o ator Billy Zane [...].
Correndo para interceptar a dupla, Dan e eu explicamos quem éramos, o
que nós estávamos fazendo e perguntamos ao "Super-Homem" se ele não
se importaria em responder algumas perguntas. Ele não se importou e sentou em
um poste de concreto, com um joelho encostado no símbolo do seu peito,
completamente relaxado. Pensei que seria exatamente assim que o Super-Homem se
sentaria. Um homem que é invulnerável a tudo sempre estaria relaxado e tranqüilo.
Ele não precisaria das posturas fisicamente agressivas nas quais os
super-heróis estão especializados. Comecei a entender o Super-Homem de uma nova
forma.
![]() |
TÃ-CHAN! |
Claro que nem sempre tudo é tão
fácil:
San Diego, 2002, e o desenhista Chris Weston estava extremamente
entusiasmado, me contando o quanto ele queria desenhar uma história com o
Bizarro, a "duplicata imperfeita" e demente do Super-Homem. Naquele
mesmo momento, como se diz, um visitante da convenção, vestido e falando ao
contrário como o deformado Bizarro, apareceu na rua a nossa frente. Chris,
sentindo que essa era a sua oportunidade para o seu próprio encontro com o
espírito totêmico, levou o estranho pintado de verde para uma festa.
Ao contrário do cortês Super-Homem de 1999, o Bizarro se recusou a sair
do lado de Chris, se tornando ainda mais beligerante, estridente e fiel ao
personagem. Todos nós estavamos comprando bebidas para ele, e quanto mais
bêbado ele ficava, mais autenticamente possuído pelo espírito dionísico do
Bizarro ele ficava. Claramente irritado, Chris gemeu "eu não consigo me
livrar dele! O que eu vou fazer?".
No final, da mesma forma que o Super-Homem diversas vezes fez, nós
enganamos o Bizarro para que ele fosse pra casa, usando a sua lógica "nós
faz contrário' contra ele. No estranho mundo do Bizarro, explicamos, as festas
aconteciam quando você estava sozinho, não com outras pessoas. Outras pessoas,
na verdade, estragavam uma festa. Ele se viu obrigado a admitir que isso fazia
um sentido perfeitamente Bizarro e foi embora, subindo as escadas de costas,
cego de bêbado, enquanto acenava e gritava "Olá, Bizarro!".
...no que deve ser o momento mais
FOREVER ALONE da história da SDCC. E, olha, isso quer dizer muito.
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